Banda ganhou grande destaque na cena internacional com disco que traz o som pesado do metal e do stoner com as melodias do space rock
O trio de rock alternativo, Imperial Pilots, formado por Joey Manzano (Voz e Guitarra), Pedro Roquini (Baixo) e Alysson Bruno (Bateria), lançou em 2020 o seu primeiro álbum em todas as plataformas de streaming, o disco é homônimo ao nome do grupo. O novo material teve como principais influências as sonoridades do Nirvana, Black Sabbath, Muse, Faith no more entre outros artistas que mesclam e influenciam o som da banda.
As letras e melodias criadas por Joey Manzano, possuem jogos de palavras, com temáticas de filmes de terror e ficção, tendo como base do álbum o medo em várias vertentes.
Segundo Joey Manzano, líder e principal letrista da banda, “as músicas trazem uma interpretação, na linguagem do cotidiano, para assuntos da atualidade, assuntos como depressão, insegurança, formas de assédio, terror psicológico, distúrbios de personalidade e até mesmo a forma como os governos nos manipulam em sua sede pelo poder. O álbum traz todas estas questões como um roteiro inspirado em um filme do Quentin Tarantino. Você se pega refletindo sobre questões polêmicas ao mesmo tempo em que se sente convidado a dançar com o ritmo das músicas”.
O vocalista e guitarrista, Joey Manzano, sem dúvida sabe criar um mundo mágico e de pura imersão sonora nas composições do Imperial Pilots, levando o ouvinte a criar gosto pelas faixas de uma das bandas mais criativas da cena alternativa brasileira.
Batemos um papo com o músico sobre suas influências musicais, processo de gravação e composição, trajetória, backline, entre outras curiosidades. Confira!
Você e o Imperial Pilots apresentam uma sintonia e criatividade fora do comum. Como que
funciona a parceria de vocês como músico e amigos dentro do projeto? Como a banda surgiu?
Resposta: A Imperial Pilots nasceu pra ser despojada, sarcástica. O Rock pesado mas mantemos esse ambiente bem tranquilo, estamos constantemente de bom humor e isso alegra nosso trabalho. Conheci o Alysson na época do Keps e chamei ele para participar da banda. Foi inusitado mas a química sempre funcionou bem e mesmo quando ele saiu da banda, mantivemos nossa amizade. Com a volta dele reforçou a necessidade de trabalho constante e facilitou o andamento das coisas em meio a pandemia. O Pedro já participou de outro projeto comigo e nos damos muito bem, temos muitas coisas em comum além da altura...rs. O segredo é liderança e trabalho em equipe, a gente conversa sobre tudo da banda e mesmo a decisão final sendo minha, os caras sempre são consultados pra todos estarem sempre tranquilos.
Dentro do cenário do rock, stoner, metal e alternativo nacional, você costuma acompanhar bandas com trabalho autoral? E sobre as estrangeiras, alguma atual que tenha lhe chamado a atenção ultimamente?
Resposta: sim. Particularmente eu não gosto da palavra autoral, parece que denigre a imagem da banda pra o público em geral. Pra mim são todas bandas, algumas famosas e outras underground. Do Brasil eu gosto muito de Violet Soda, que conquistou um ótimo público, o 3Pipe Problem que é uma banda parceira que eu gosto muito, ótimo disco. Deb and The Mentals, os Asteróides Trio e a Carbônica são bandas que sempre estou ouvindo e tem ótimos trabalhos e grandes amigos também. Do estrangeiro eu tenho ouvido bastante o Blue Stones, um pouco mais famosa lá fora mas curto muito. O Reignwolf e o Black Pistol Fire, são bandas com público conquistado mas ainda pouco faladas no Brasil.
Que dica você daria a músicos brasileiros da cena, que tem medo de experimentar e inventar coisas novas em suas músicas?
Resposta: a arte tem que ser libertadora, agradar é consequência. Tem público pra tudo, às vezes as pessoas que te rodeiam não são as que você deve se juntar daí você precisa procurar outros parceiros, outros públicos. Passamos muita falta de atenção no começo da banda, mas você precisa se desprender de preconceito e se jogar na coisa. Tem que lembrar que música é um trabalho, e sair da zona de conforto é parte da evolução profissional. Nós observamos isso desde o Elvis, Beatles, Black Sabbath até o Muse,
que se reformulou muitas vezes durante a carreira.
Qual modelo e marca de guitarra, cordas e amplificador você usa? Conta pra gente a relação de amor com seu instrumento.
Resposta: Nunca fui de comprar muitos instrumentos caros. Hoje eu uso uma J&D JazzMaster que é uma marca barata alemã, que comprei no Guitar Center em Cologne, durante uma tour. Guardo ela com carinho e uso nos shows pois comprei na primeira tour na Europa, quando fui rodie dos Autoramas em 2018. Eu sempre uso cordas da Nig e Amplificador da Borne quando posso levar o meu. Sou fã da Orange mas procure sempre valorizar as marcas nacionais.
Quais são as suas maiores influências musicais? Pra você qual é o maior guitarrista e frontman de todos os tempos?
Resposta: Eu nunca gostei dos guitarristas técnicos, mas sempre se ouvir um bom Riff e não consigo ter um específico. Do Yommi até o Kurt Cobain, fazer riffs pra mim são mais importantes do que um solo, com isso a música Grunge sempre me agradou, os mais recentes são O Mat Bellamy e o Mike Keer, que apesar de baixista fazem Riffs sensacionais e tem uma presença de palco fui foda.
Suas linhas de guitarra demonstram um combinação de técnica e criatividade. Você sempre
compõe e cria as músicas pensando de forma analítica ou elas acabam saindo naturalmente desse jeito?
Resposta: as coisas acontecem, em duas ou três notas, dai o resto é sentar, tocar e se ouvir. Tem que sentir a música saca? Fazemos músicas pras pessoas sem jogar, agitarem, extravasar. Quando ensaiamos com a orquestra eu percebi que o Riff de um rock sujo e visceral, mas feito com o coração e sinceridade, agrada desde bandas que não tem nada haver com nosso estilo até um maestro.
Como a música surgiu em sua vida?
Resposta: Quando eu tinha 9 anos, não tínhamos muito o que fazer então ficava buscando disco pra ouvir. Sou filho de músicos religiosos, mas sou a ovelha negra nessa parte...haha Meu primeiro disco de rock que decorei as letras foi o Californication do Red Hot, meu irmão tinha acabado de comprar e eu ouvi aquele álbum dos 10 aos 13 anos, daí o Nirvana lançou o álbum preto e isso mudou tudo. Durante a adolescência tivemos problemas com meu irmão por causa de drogas, e tivermos que nos mudar e era tudo meio conturbado, eu comecei a beber e a formar cedo, e música era tudo que sobrava, não tinha
celulares smart, não tinha computadores, não tinha acesso. Éramos meio ferrados então copiava K7s dos amigos e íamos a lan houses com dinheiro economizado de passagem e alguns bicos que fazia em uma sorveteria no prédio onde morávamos. A música me abriu a porta, era uma saída para outro universo. Me joguei nas drogas e nos shows de corpo e alma, e formando a minha primeira banda a Trample to Death, que depois mudou para The Tramp, ainda tem vídeos no festival do Cecap, era bem divertido. Depois formei na Clínica de Reabilitação do CAPS, a banda de nome Keps, que abriu mais espaço, fazendo até
apresentação no Festival Rock na Tamarineira em 2010, quando a banda acabou. Teve uma breve volta em 2016, mas não durou muito, até que fundei a Imperial Pilots em 2017.
Qual foi o melhor show da história do Imperial Pilots? conta pra gente.
Resposta: sou suspeito, mas o Festival do Pimentas foi realmente absurdo, muita gente, destruímos o palco e tinha muitas pessoas importantes assistindo, e isso abriu portas com muita gente. Tinha umas 150 a 200 pessoas eu acho e muitas importantes do cenário e tocamos em um ótimo horário. Foi realmente um processo de evolução da banda.
Qual é a sua faixa favorita da banda?
Resposta: Monster com certeza. Considero a minha melhor composição na atual fase dos meus 31 anos. Consegui colocar aquela voz que fica na minha cabeça em palavras e melodias. É o transtorno de ansiedade e ordenado em música. Eu nunca tive dúvidas que ela iria ter mais atenção e quando vi ela tocando no Amazonas e na Austrália, eu percebi que realmente tinha algo de que podia me orgulhar.
O disco da banda está tendo um feedback muito positivo no Brasil quanto na mídia internacional. Como você vê essa resposta tão bacana sobre seu projeto musical?
Resposta: quase não tivemos grana pra poder produzir e divulgar, então foi muito bom o resultado, pra um debut brasileiro. Tocamos as músicas dois anos e senti que precisava lançar essas músicas de alguma forma e todos deram seu melhor na banda. Mesmo o Javi que não está mais, foi fundamental para produzir a bateria e isso foi importante para o álbum. Ficamos felizes de sair em matérias em várias lugares do mundo, de ter uma participação em uma Coletânea na Europa, como banda de Abertura ainda
escolhida pelos selos. No nosso meio, muitas pessoas fizeram questão de mandar mensagens dizendo que adoraram as músicas e isso foi muito legal assim. Reconhecimento é bom também, da um norte pra gente conseguir entender pra onde precisamos ir.
Quais os planos para 2021? Alguma previsão de lançar material inédito?
Resposta: Em 2021, já estamos confirmados no Festival GRU Fora De Cena, que é um live que vai acontecer em janeiro. Depois vamos voltar aos estúdios para poder iniciar as gravações de novas demos e definir o primeiro pra ser lançado entre maio e julho. Tem pelo menos 10 músicas compostas e já estamos trabalhando aos poucos. Não imaginamos que teríamos tantos eventos online agora nesse segundo semestre e, com a pandemia, frequentamos menos os estúdios, mas aguardem que teremos ainda o lançamento de um clipe de “You ́re mine”, que está ficando bem obscuro!
Confira 'Imperial Pilots': https://bit.ly/33ZwUcB
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